Senhoras e senhores
Prezado Colegas,
Vejam como sou enxerido: não teria nada a falar aqui, não deveria tomar o tempo de vocês e muito menos cansá-los. Mas não resisti e vou fazer um arremedo de justificativa.
Estou aqui, compondo esta mesa de abertura do 41º Congresso do Hospital São Geraldo, por duas razões. Uma, em atendimento ao pedido do ilustre presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o professor Cristiano Caixeta Umbelino, para representá-lo e o CBO neste encontro. O Professor Cristiano Caixeta manda a todos os Colega o seu afetuoso abraço e pede-me que fale de duas coisas. Sua admiração pela Oftalmologia mineira, que, ao longo de décadas, vem dando permanente contribuição ao progresso, conquistas e enriquecimento da nossa especialidade.
A outra, do seu reconhecimento ao trabalho pioneiro do Hospital São Geraldo, onde praticamente nasceu e prosperou a moderna Oftalmologia brasileira, liderada pelo invulgar talento do professor Hilton Rocha e de uma plêiade de notáveis colaboradores do Mestre mineiro.
O Hospital São Geraldo, liderado pelo professor e seus ilustres colaboradores, sempre se destacou como escola do ensinar e do apreender, pois, tomando a palavra de Rosa, outro mineiro consagrado, Mestre não é só quem ensina, mas quem, de repente, aprende.
O presidente Cristiano Caixeta insiste em afirmar sua admiração, e do CBO, por todos os talentosos Colegas mineiros, grandemente responsáveis pelo prestígio planetário da nossa especialidade. Junte-se à designação do nosso Conselho o excesso de generosidade dos Colegas e amigos que endossaram e efetivaram a sugestão do CBO: professor Frederico Pereira, presidente deste 41º, professor Daniel Vítor Vasconcelos Santos, presidente da Associação dos Ex-Residentes e Estagiários do HSG e Márcio Nehemy, professor titular de Oftalmologia da FMUFMG.
É dever nosso falar do significado que tem este Congresso para todos nós alunos do Professor Hilton Rocha, para a Oftalmologia mineira e nacional e, por fim, para a memória do grande, incomparável e inesquecível Mestre mineiro.
Todos nós participantes deste Congresso tivemos a rara felicidade e o raro privilégio de virmos ao mundo quando aqui, nas Alterosas, já pontificava o Professor Hilton Rocha, transformando, revolucionando e inovando conceitos e práticas e até (por que não?) redescobrindo nossa especialidade.
Homem predestinado, de raro talento, não veio aqui a passeio, mas para trabalhar, abrir e iluminar caminhos. Sei que é desejo de todos consignar, na exiguidade deste tempo e espaço, nossa eterna gratidão ao saudoso Professor Hilton Rocha por todas as oportunidades que nos deu, por tudo de bom que legou à profissão, à sociedade e à a vida.
Sim, à vida também, pois ele viveu plenamente o exemplo de uma existência marcada por compromissos com a lisura profissional, sem concessões, por menores que fossem, ao facilitário das pequenas vantagens.
Infenso às querelas médicas, deu exemplo de homem lhano, sereno e conciliador, em contraposição a esse espírito belicoso do médico moderno. Ele viveu, é bom insistir, para o exemplo, a palavra cordial, o gesto fraterno. O professor, como poucos, viveu a ética das virtudes, a mesma ética que inspira homens generosos, heróis e santos.
Àquela ética das regras, do burocrata, do cartão-de-ponto, inspirada mais no temor à punição, ele contrapunha a ética da vocação, a ética de um homem intrínseca, inapelável e inquestionavelmente bom.
Deixem-me recorrer ao verso do bardo português, Fernando Pessoa:
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
O professor Hilton Rocha, por ser pessoa incomparável, nos permitiu viver momentos inesquecíveis.
Prometi não os cansar, e me penitencio por não ter cumprido a promessa. Mas, para terminar, permito-me lembrar a vocês da SOCIEDADE MINEIRA DE OFTALMOLOGIA (SMO), jovem de cinco anos, empenhada na promoção dos legítimos interesses do oftalmologista e da Oftalmologia mineira.
Em que pese sua recente certidão de nascimento, a SMO tem atuado com firmeza, ao lado e com apoio do CBO e dos Colegas mineiros, sempre em defesa de nossas legítimas prerrogativas. Estaria cometendo uma injustiça se omitisse a efetiva atuação de dois Colegas da atual diretoria da SMO: seu presidente, João Neves e seu ex-presidente, hoje secretário-geral, Luiz Carlos Molinari. Nossa especialidade, como toda a Medicina, não está infensa à ganância de extra médicos e isso justifica meu apelo a vocês: associem-se à SMO para lhe dar mais legitimidade e forças no combate diário em defesa dos nossos interesses, que se confundem com os interesses e direitos da saúde ocular da sociedade brasileira.
Parabenizo os organizadores do 41º Congresso do HSG, professores Frederico Pereira, Daniel Vítor, Márcio Nehemy, os integrantes das Comissões Auxiliares e todos, direta ou indiretamente, envolvidos na montagem e no êxito deste encontro.
Pois o 41º Congresso do HSG, mal começa, já se anuncia como a crônica de um sucesso antecipado.
Obrigado